quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Bancas, emoção e formação para a vida

Por Ronaldo Nezo:

Vivi momentos especiais ontem à noite. Participei das duas últimas bancas de avaliação deste ano. Em ambos os casos, pude notar o crescimento das alunas ao longo do curso. Acompanhei a Polyana e a Maika desde a primeira semana de aulas, quatro anos atrás. Não foi diferente com a turma dela. Vi o desenvolvimento de muitos deles e, quando encerrou a última banca, senti um nó na garganta. Acabava ali um ciclo. Foi a primeira turma que acompanhei ao longo dos quatro anos. Vi "nascer", desenvolver-se e concluir a graduação.
Quando iniciei minhas considerações em ambas as bancas, expressei um pouco do que sentia em relação a história delas e dos colegas durante o curso. Vi lágrimas em seus olhos. Emoção. Com a Maika, conversei um pouco mais. Vendo-a, lembrava de muito do que experimentei nesses anos na academia. Com a turma dela, comecei definitivamente a construção de uma carreira na educação superior. Nenhuma atividade anterior havia sido tão significativa... Por isso, esses alunos se tornaram tão especiais na formação do que sou hoje para o nosso curso. Se hoje tenho o respeito de todas as turmas, posso dizer que eles contribuíram na definição do meu perfil e caráter como educador.
Mas a emoção foi ainda maior... Ao meu lado, estava um orientador e um colega jornalista, ambos meus ex-alunos. O Anderson e o Rafael passaram rápido pela minha vida na academia. Mas foram significativos justamente por confirmarem que tinha feito a escolha certa na minha proposta de ensino e relação aluno-professor. Assumi a turma deles como professor substituto. Seis meses apenas. E num momento em que a turma estava desmotivada. Quando encerramos o ciclo, após os elogios, ganhei de presente ser "nome de turma".
Então, tudo isto se misturou nas minhas considerações... Talvez para alguns, sensibilidade demais para um momento tão formal. Mas não creio que precisa ser apenas normas, cobrança por conteúdos. Elas estavam ali, listadas e esgotadas na continuidade de minha exposição, porém não poderiam silenciar o que representava aquele momento.
Hoje, compartilho estas emoções, porque fazem parte da minha história e relação com a educação. Nem sempre temos o privilégio de expressar o que certas coisas significam para nós. Mas a academia é para mim mais que um ato formal de oferecer conteúdos. É o espaço para experiências novas, ousadas e de formação de sujeitos, não apenas de técnicos para atuarem no mercado de trabalho. A seriedade na apresentação das teorias, as aulas densas, provocativas, o rigor na cobrança dos trabalhos, a tensão e profundidade das avaliações se aliam ao desejo de que a faculdade seja, de fato, um espaço para um experiência superior.

Fonte: http://ronaldonezo.posterous.com/

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